HISTÓRIA - Vila Olímpia: saiba como era o bairro em 1966 - Fonte revista veja




No fim do século XIX, a área que hoje compreende a Vila Olímpia e o vizinho Itaim pertencia ao general José Vieira Couto de Magalhães, que a utilizava para caçar e pescar. Apenas em 1916, um de seus irmãos, Leopoldo Couto de Magalhães, construiu ali uma casa para morar com a família. Após a morte de Leopoldo, os herdeiros desmembraram as terras e fizeram os primeiros loteamentos, adquiridos principalmente por pequenos agricultores, pescadores e barqueiros que trabalhavam no Rio Pinheiros. No fim da década de 30, o comércio e o trânsito com barcos foram proibidos. Os barqueiros e pescadores, então, acabaram substituídos por comerciantes, operários e imigrantes. Vinte anos depois, a Vila Olímpia recebia fábricas pequenas e médias. A região era considerada ao mesmo tempo não muito distante do centro de São Paulo e a meio caminho para o Porto de Santos. Desvalorizados pelos frequentes transbordamentos de córregos como Uberabinha, da Traição e do Sapateiro, os terrenos tinham preços abaixo do metro quadrado das redondezas.
Na Rua das Olimpíadas funcionavam duas fábricas que marcavam o aroma de seu entorno: a dos sabonetes Phebo e a dos sorvetes Gelato. Foi por causa dos sorvetes, aliás, que Neiva Marchioro deixou Caxias do Sul (RS) há 38 anos. “Meu marido dirigia caminhão frigorífico e ficava a maior parte do tempo na Vila Olímpia”, conta. Ela se lembra de quando o bairro ganhou sua primeira grande via, a Avenida Presidente Juscelino Kubitscheck, em 1976. “Desapropriaram um cortiço que havia lá”, diz. “Fiquei com pena dos moradores, mas a obra melhorou muito a locomoção e o saneamento.” Mavilde Rodrigues Benigno veio de Portugal em 1950 e abriu uma mercearia na Rua Clodomiro Amazonas. “Havia pouco comércio, e achamos que teríamos chances de progredir.” Com razão. Em 1995, ela abriu a Villa dos Pães, na Rua Ramos Batista. No início, era um misto de boteco e padaria. Com a expansão dos escritórios, passou a servir também almoço.
Raul Junior
Obras do prolongamento da Faria Lima, em 1995: operação urbana
Obras do prolongamento da Faria Lima, em 1995: operação urbana
Vizinho da Villa dos Pães, o comerciante João Mil mora há 53 anos num terreno de 2 000 metros quadrados na esquina das ruas Ramos Batista e Ministro Jesuíno Cardoso. Construiu uma casinha de quarto e cozinha nos fundos da área e depois foi levantando outras, para alugar aos operários. “Cavei um poço para armazenar a chuva, pois não havia água encanada nem energia elétrica”, recorda. Em 1995, a prefeitura instituiu uma operação urbana que tinha como objetivo promover melhorias ao longo das avenidas Faria Lima, Pedroso de Moraes e Juscelino Kubitschek. Empresas interessadas em construir acima do permitido pela Lei de Zoneamento pagavam à administração municipal, que reinvestia os recursos arrecadados em obras. Foi quando começaram a surgir os edifícios de design moderninho, forrados de espelhos, que atualmente povoam o horizonte da região.